02/04/2010

A CORPORAÇÃO E A CAÇAMBA DO EXPO CENTER NORTE



Vamos falar sobre o documentário acima. Filme de Mark, Jenifer e Joel Bakan. Simplesmente necessário nesses dias de Big Brother, falta de memória recente, anestesia generalizada de atitudes. Talvez proveniente de tanto fast-food, super-hiper-mercados de vidas e desejos. Presenciamos tanta arbitrariedade que pouquíssimas vezes temos coragem de nos manifestar. Assim proliferam empresas como Enrom, Arthur Andersen, Banco Santos, Encol e outras centenas de empresas que dão calote nos clientes, fornecedores, e na parte mais fraca da estrutura: nos funcionários.
Corporation analisa as características entre pessoa física e jurídica. Enquanto a física pode ser presa, processada, responsabilizada diretamente por seus atos na sociedade, portanto, em tese, temente as leis, dogmas religiosos, morais e éticos, não é o mesmo que ocorre com muitas corporações. Tanto que comparam adequadamente a personalidade de um psicopata a uma pessoa jurídica. Com desfecho magnífico nas palavras de Michael Moore: “Eu gasto o dinheiro deles para criticar suas crenças. Bem, é porque eles não acreditam em nada. Eles me divulgam porque sabem que milhões de pessoas querem ver meu filme, ver o programa na tv e eles vão faturar. Eu consigo divulgar meu trabalho porque aproveito esta incrível falha do capitalismo. A falha da cobiça. O ditado diz que o rico venderá a corda para se enforcar se ele achar que lucrará com isso. Eu sou a corda. Espero. Sou parte da corda. Eles também acham que quando as pessoas assistirem a este filme acham que ... elas verão o filme e não farão nada... Porque fizeram um bom trabalho entorpecendo suas mentes, tornando-as idiotas, e elas jamais farão algo... não deixarão o sofá para tomar um ação política. Eles estão convencidos disso. Eu acho o oposto. Estou convencido de que alguns deixarão o cinema e sairão do sofá e farão algo para retomar o mundo.”
Esse é o aperitivo do documentário Corporation e poderia ter ficado desse tamanho. Mas não ficou. Poucos dias depois, numa madrugada que deveria ser para dormir, surgem os tentátulos da Corporation saindo de dentro do meu sono. O tentáculo trabalho 24 horas, trabalho-homem-hora- máquina-semi-escravo, interrompendo o sono do vizinho. O meu sono. Da indignação fiz uma reclamação. Leiam o episódio abaixo:



- SOLICITO QUE MUDEM A LOCALIZAÇÃO DA CAÇAMBA DE LIXO/MADEIRAS QUE DÁ FUNDOS PARA RUA LEONOR ESTEVES.

A atividade da empresa é exposição de eventos, feiras e formaturas, outro problema sério, com montagem e desmontagem a cada sete dias, mais ou menos. Solicito que mudem a localização da caçamba de lixo/madeiras que dá fundos para Rua Leonor Esteves. São casas de moradores muitos com mais de 30 anos no local, pagantes dos mais diversos impostos que merecem respeito. A situação não é nova, mas vale relatar. O fato: Lá pelas 02:30 da manhã, do dia 01/04/10, reclamado a um funcionário da empresa VITÓRIA (serviços de limpeza)provavelmente um jovem realizando um bico na madrugada, se ele imaginava a dimensão do transtorno causado pelo barulho, eco e reverberação do som ao jogar madeiras e diversos restos de stands naquela caçamba, naquele horário. Inicialmente mostrou-se solicito e foi conversar com seus superiores.Acredito que não há a parte contratada nesse horário, já que o telefone de atendimento opera somente até as 22h00. A partir daí, a irresponsabilidade social, o poder corporativo, descaso com o contratado e quem venha reclamar, manifestou-se plenamente. Funcionários munidos de um trator e uma empilhadeira passaram a realizar o trabalho, multiplicando exponencialmente diversas vezes qualquer barulho inicial. O garoto que fora relatar o ocorrido ao seu superior, retorna como carona na empilhadeira. Com risadas, e comentário, para quem quisesse ouvir:

—Se ele reclamou antes, e agora?

E agora? Risada, barulho, máquina batendo, a hora de acordar (?) chegando, a minha mulher reclamando, o vizinho reclamando, minha filha chorando, eu aqui no computador, procurando telefones de órgãos competentes para solucionar este rotineiro problema. Atualmente as empresas que buscam a excelência na qualidade, e tentam atender os elevados critérios de SOCIEDADE e sustentabilidade, entre outros, devem conhecer todas as etapas do seu processo produtivo. Estava para encerrar, esquecendo de dizer dos dias de formatura. Por que eu não ia falar do barulho de guerra que causa nesses dias de festividade para alguns, ou muitos, pois cabem universidades inteiras nos pavilhões. Sabemos disto pela altura do som que reverberra (de berrar mesmo!), as casas tremem, não há cômodo para teste de acústica de turbina de avião, isso eu não ia falar.

- MAS SOLICITO QUE O PSIU VERIFIQUE TAMBÉM A ACÚSTICA DO PAVILHÃO VERMELHO PARA FORMATURA E EVENTOS NA MADRUGADA. POR FAVOR .

- E MUDEM A LOCALIZAÇÃO DA CAÇAMBA.

Peço desculpas pela falta de concatenação das idéias, se incomodei alguém, Perdoem-me estou com sono. Encerro às 04:26, com o mesmo barulho de trator, empilhadeira, madeira batendo, minha filha alternando chorando e sono. Obrigado.

Esta carta encaminho para o e-mail do Expo Center Norte e Psiu.





Até agora nenhuma corporação respondeu ao e-mail ou ao SAC.
Também não desisti.

Um comentário:

  1. PAU NELES BALLOUKÃO, É UMA PENA VIVERMOS EM PAÍS QUE VIVE ANESTESIADO PELOS PROGRAMAS DE MÁ QUALIDADE DA TV BRASILEIRA...
    PRECISAMOS DE MAIS "ZÉ DO CAROÇO" NAS PERIFERIAS DO NOSSO BRASIL. VC ESTÁ SENDO UM DELES, ABRAÇO MANOOOO

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