Dia 10 de julho, sábado passado, fomos no CCJ prestigiar o Marcio Barbosa do Quilombhoje, no Projeto Escritos Negros, organizado pelo Coletivo Literatura Suburbana. Digo "fomos" porque levei irmã, sobrinhos, mulher e filhos. Eita família unida em prol da literatura, sô!
Marcio não fez por menos e em sua palestra detalhou todo o processo para conceber, anualmente, ora poemas, ora contos, um número do Cadernos Negros. É muito trabalho e organização, e acrescente um bocado de determinação, já que está no número 33. Eu, Esmeralda e Miriam Alves, participamos do sarau que veio a seguir. E nesses lugares em que a vida de fato tem mais sentido, em que as palavras tornam-se lembranças vivas, foi prazeroso ver e ouvir a Miriam contando um pouco de suas viagens literárias, entrevista para rádio Colombo, disponível na internet, sua nova publicação que breve será lançada, pois bem, coisas que postarei numa próxima vez.
Dia 18/07 será a vez de Akins Kinte e Patota d'Firmino.
No sarau recitei o poema:
NEGRO ABUSADO
corre pela clareira, aldeia, capão e vargem
negro abusado de sapato e carta nas mãos
corre gritando, anunciando que é:
o corte do machado
o grito da cachoeira
o terror negro encarnado
palmarino cansado de engolir saliva
e em cada toque
dezenas se deslocam pra fazer correria
correm pelas escadarias, ruas e avenidas
negros fortalecidos, vestidos e com livros nas mãos
correm gritando, anunciando o que querem:
escolas, dentistas, seguro de vida
assistência médica, casa e comida
e é para ontem
e já não é mais sonho
o corte do machado
o grito da cachoeira
o terror negro encarnado
palmarino que engoliu saliva
agora cospe e diz que tá com raiva
do espera um minutinho, do tudo passa
se não passa é assim mesmo, só um cadinho
cuidado: palmarino zangado passa por cima
e arregaça palavras do caminho
15/07/2010
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