CAROLINA MARIA DE JESUS : 600 - 10.000 - 100.000
Estamos no centenário de Carolina Maria de Jesus escritora que se fez existir ao mundo graças ao seu livro best sellers, Quarto de despejo, e continua existindo no Brasil através de nossa batalha cotidiana e ininterrupta. (Este excerto abaixo faz parte do texto que apresentei no IV Colóquio Afroamerica em UNAM - México 2012 )
Carolina Maria de Jesus nasceu em 14/03/1914 em Sacramento- MG, mãe de três filhos: Faleceu 13/02/1977, com 62 anos. No Colégio Allan Kardec, primeiro colégio espírita do Brasil — estudou pouco mais de dois anos. Em 1930 muda-se para o Estado de São Paulo, cidade de Franca juntamente com a mãe. Sete anos mais tarde, com o falecimento de sua mãe, muda-se para cidade de São Paulo, onde nascem seus três filhos, e ganha a vida, de doméstica à catadora de papel, agora moradora da favela do Canindé.
Da dedicação e amor a seus filhos, lembranças da família, vida diária de
uma moradora de favela, desafios de sobrevivência digna, assim nasceu sua obra
prima Quarto de Despejo- Diário de uma favelada. Obra envolta em
polêmica quanto à participação do jornalista Audálio Dantas. Durante matéria
sobre a favela do Canindé, o jornalista conhece Carolina e com a aproximação
passa a publicar trechos de seu diário, até culminar com a publicação do livro
em 1930. Resultando em números exuberantes que destacam este livro como recordista
de vendas para época: no lançamento 600 exemplares, na primeira semana 10.000
exemplares e no primeiro ano 100.000, traduzido para mais de 15 línguas e
vendido para mais de 35 países.
O lado humano de Carolina, na criação de
seus filhos, insegurança, esperança, solidão, amor, temas comuns vistos em outros livros, são relegados a um tema único:
início da modernização da cidade de São Paulo e da criação de suas favelas.
Em entrevista cedida ao jornal Folha de São Paulo, em
23/10/2010, a escritora Sapphire, creditou parte da construção da protagonista
Preciosa, que dá título a seu livro transformado em filme, a escritora Carolina
Maria de Jesus, e seu livro Quarto de Despejo.
"Eu dava um curso baseado em diários de mulheres,
Virginia Woolf, Sylvia Plath, Frida Kahlo e Carolina Maria de Jesus. Os das
brancas eram introspectivos. O dela falava de classe, raça, luta por comida
para os filhos”.Conclui Sapphire, dizendo-se estarrecida com o desconhecimento da
escritora no Brasil. E é este sentimento que fica nos dias de hoje.
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