26/02/2016

Trecho do conto Casa de Portugal

O conto Casa de Portugal, foi publicado em 2005 na antologia Cadernos Negros e, no ano seguinte, no livro Bailes: Soul, samba-rock, hip-hop e identidade em São Paulo, ambos organizados pelo grupo Quilombhoje. Dez anos depois desta minha estreia em publicação, surge o livro Casa de Portugal, mistura de alguns contos publicados e outros inéditos, reunidos em um único corpo, alma e respiração para deleite meu e de quem gosta do que escrevo. Fruto de um convite do Ciclo Contínuo Editorial que atendi prontamente. Curtam um trecho para instigar:


C A S A  D E  P O R T U G A L  

Acabaram de dar a volta de valente. Um giro de reconhecimento, que contorna toda a pista e termina no bar. Útil para quem quer ver e ser visto pelo maior número de pessoas dentro do baile. E era o que eles queriam.

Salão: Casa de Portugal 
Av. Liberdade, 602
Traje: sport chic
Assim dizia o convite e seus sapatos tipo mocassim, da rua Maria Antônia. — Ou ainda não chegaram ou já se enrabicharam e estão dançando lenta. Daqui a pouco eles aparecem — diz o Carlos, enquanto faz graça para duas meninas ao seu lado. Alan também observa e faz tipo, segurando uma cerveja para nova golada. Duas pretinhas charmosas, fingindo ignorá-los, conversam com as amigas acompanhadas. No teto, o pequeno globo multifacetado projeta momentos de sonhos e ilusões.
— Nem acredito que estaria perdendo este baile, dormindo no sofá depois da Sessão de Gala — pensa Carlos, em voz alta, enquanto os casais na pista trocam esperanças e abraços consentidos. Não conseguia entender o porquê de tanta moleza e preguiça para sair. Talvez os filmes da TV, o conforto da casa e uma preocupação com os estudos o fizessem aquietar daquele jeito. Ou uma fase de preguiça mesmo. O fato é que preferia guardar os sábados à noite e mal saía para aniversários, festinhas, quanto mais para bailes na cidade, como os da Chic Show no Palmeiras ou do estilo nostalgia. Sim, um encontro de gerações que gostam de dançar lenta, samba-rock e um This Will Be, da Natalie Cole (...)




Nenhum comentário:

Postar um comentário

ENQUANTO O TAMBOR NÃO CHAMA VIAJANDO!

     ENQUANTO O TAMBOR NÃO CHAMA VIAJANDO! Minha grata surpresa foi a tradução de alguns poemas para o espanhol por Demian Paredes, da Argen...